sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O Presente de Daniel por Lauren Kate

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O Presente de Daniel por Lauren Kate

“Daniel acordou em uma cama de peônias murchas. A luz das estrelas atravessou a copa de carvalho de cima das árvores. Seu corpo estava rígido e frio, enrolado ao redor do tronco curto de uma árvore, ao invés do corpo quente do seu amor.

Há quanto tempo ele dormiu? As pétalas abaixo dele estavam esmagadas e secas. Ele respirou em sua frágil decadência. Seus dedos ainda estavam pretos das cinzas dos ossos de Lucinda, antes de seu corpo transformar-se em chamas. Talvez ele tenha dormido aqui por uma semana, sonhando com nada, longe deste mundo – mas não por muito tempo. A dor de Daniel era tão aguda que sentiu extraordinariamente mais *vasta, do que a sua grande *envergadura - como se sua alma suportasse o peso de 20 homens, cada um dos quais tinha perdido sua querida amada.

Nos três meses depois do seu primeiro Dia dos Namorados com Lucinda, Daniel a trouxe de volta aqui, a este lugar nessa floresta medieval Inglesa pelo o menos umas vinte vezes. Cada vez que, eles caminhassem por todo o verde da vila até os recantos interessantes de madeira, Daniel faria as peônias dos Namorados florescerem de novo, por isso, quando Lucinda entrasse na clareira, as flores seriam tão vibrantes e encantadoras como ela.

Ele olhou para elas agora, morrendo, mortas e rasgou um punhado de pétalas úmidas e amassadas. Ele não encontrava nenhum poder dentro de si para recuperar suas flores delicadas. Daniel alternava entre duas almas diferentes: uma quando Lucinda estava viva e outra quando ela estava morta. Ele exigia que ela adicionasse doçura e luz para o mundo.

Daniel estremeceu quando ele tentou se levantar. Suas asas estavam rígidas de tensão e cansaço. Ele pretendia esticar e soltar elas quando saísse da floresta, mas a cada passo, ele se surpreendia ao encontrar seu corpo mais pesado, mais deprimido.

Ele queria se conectar com sua memória, queria andar por todas as ruas pelas as quais ela já havia passado, e buscar vestígios de seu amor, ele sempre quis isso depois que ela morresse. Nunca foi uma boa ideia. Desta vez, inexplicavelmente, ele se entregou. Ele cambaleou para trás em direção às paredes da vila onde ela tinha vivido. Atravessou a estrada suja, entrou no mercado nu à meia-noite, indo pela rua estreita onde a família de Lucinda vivia… Tudo isso doía mais do que ele estava preparado para suportar.

Três portas da casa de sua família, Daniel viu a luz dentro do seu limite e gritou de dor. Ele se jogou contra a parede de pedra alta da casa vizinha. O luto tomou conta dele e seus olhos brilharam com lágrimas quentes.

Por fim, ele percebeu porquê.

A dor que ele sentiu com a perda de Lucinda foi agravada pela dor que a família sentiu ao perdê-la. Amavam-na pelo o que ela realmente era, amavam de uma forma semelhante à de Daniel. Agora eles se entristeceram assim como Daniel, o que fez ele chorar de novo, sabendo que ele havia separado ela de boas pessoas que tinham cuidado dela.

Sorrateiramente, ele voou para o céu e pousou no terraço da casa onde a família de Lucinda dormia. Deitou-se sobre os tijolos de barro embalados e abriu suas asas abaixo dele, tentando sentir a sua dor irradiando através do telhado.

Foi a hora mais sombria da manhã, e a vila estava dormindo. Mas Daniel ouviu … ou ele sentiu … uma mulher chorando logo abaixo dele. Ele traçou o som, rastejando-se ao longo da sala, então, em seguida, deslizando-se para o lado da parede até estar fora da pequena sala, onde ele sabia que Helen, a irmã mais velha de Lucinda, dormia com o marido.

Eram recém-casados, dormiam profundamente. Entre os sonhos, não há dúvida que eram com Lucinda, Helen chorava. Arriscando uma olhada dentro da sala, Daniel viu a forma como os braços do marido estavam ao seu redor, beijando-lhe a testa franzida, oferecendo conforto, mesmo em seus sonhos.

Eles estavam apaixonados. Daniel viu como muitas coisas eram diferentes em relação ao amor daquele homem e mulher, do amor que ele dividia com Lucinda. O amor que ele testemunhou esta noite foi firme e terreno e finito, enquanto que, o seu amor com Lucinda era tempestuoso e transcendente e - para melhor ou para pior - eterno. Foi desconcertante que ambos os tipos de conexão, em ambos os sentidos ,em ambas formas de expressar devoção, poderia ser chamado da mesma coisa: Amor.

E ainda Daniel reconheceu uma coisa na forma que os braços deste homem estava em torno de sua esposa: ele daria qualquer coisa, fazer qualquer coisa, para diminuir a dor de sua amada.

O beijo deles, sonolento e aprofundado, e Daniel assistiu com uma imperturbável fascinação. Ele desejava que houvesse algo que pudesse fazer.

Daniel tinha guiado tantas almas saindo de seu corpo durante seus milênios na Terra. Ele levava as suas almas ao espaço e á luz insondável ,na vida após a morte, a equivalência mortal do Paraíso, algo que nenhum anjo tenha acesso.

Mas Daniel nunca havia guiado uma nova vida ao mundo.

Isso era além de seu poder, um presente que só o Trono podia dar.

Somente o Trono poderia remover todos os obstáculos dos corpos de mortais e almas de modo que, em nove meses, eles concebessem uma criança forte e feliz ao mundo.

Talvez algo estava guardado para estes dois amantes; Daniel não poderia saber. Mesmo se eles tivessem um filho próprio, nunca iria substituir Lucinda. Sua alma especial traria alegria para outra família em algum lugar distante, que Daniel teria que aguardar e eventualmente encontrar. Ele terá que esperar décadas, mas ele precisará.

Por enquanto, qualquer presente que Daniel pudesse dar a esta família seria sem graça em comparação ao que eles tinham perdido. Sua mente tentava alcançar alguma coisa, tentando tomar posse de algo que pudesse ajudá-lo a ajudá-los. Na floresta distante, onde há a fronteira com a cidade, sua visão aguçada avistou um par de cabras pastando ao luar. Substituição absurdamente pobre para Lucinda - e ainda …

Para esta família, o leite de cabra seria raro ao ponto de ser excepcional.

Qualquer alimento ou renda que esses animais poderiam fornecer traria um pouco de paz para eles. Eles mereciam isso e muito mais.

Em um instante Daniel voou para o trecho da floresta, pegando as cabras e guiando-as através do céu, até a porta da família de Lucinda, onde as prendeu com uma corda.

Nenhum recado. Eles não saberiam ler e nem entender a sua explicação. O gesto simples seria o suficiente.

Olhando para cima, para janela da irmã de Lucinda, Daniel se curvou, humilde com a realidade do mundo mortal. Então ele abriu suas asas e foi para o céu, onde ele ficaria até o seu amor voltar em outra vida,o que lhe traria de volta à Terra novamente.”

Glossário:

*envergadura: é a maior distância entre as pontas das asas de um objeto No caso, o texto refere-se ao tamanho das asas de Daniel.

*vasta: Que tem grande extensão; muito amplo; algo grande.

Fonte:Fallen Brasil

2 comentários:

  1. isso tem em que livro?

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    1. Não isso, foi um trecho de um pensamento que Lauren Kate, criou para falar de Daniel Gregori.
      Obrigado, pela visita, continue acessando e vendo os postagem obrigada.

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